É um espaço criado para conservar, valorizar e dar visibilidade às referências culturais de Mariana, Barra Longa, Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado, em Minas Gerais.
Neste percurso virtual queremos apresentar, por meio da Cultura, todas as vinte localidades atingidas, situadas ao longo do rio, até alcançar o Rio Doce, passando por Mariana, Barra Longa, Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado. Nossas tradições, saberes, festas e modos de vida se tornaram a base de um mosaico de solidariedade e resistência, essencial para buscarmos recompor as nossas vidas e seguir com mais segurança e autonomia.
Por isso, a comunidade trouxe a sua Cultura para o centro das prioridades do processo de reparação, de onde buscamos os meios para inventariar nosso acervo material e imaterial, assim como promover e produzir as mais variadas atividades culturais e educativas. É o que queremos agora compartilhar, para que nossos valores e tradições sejam conhecidos e valorizados, para que nunca se falte com o respeito à vida e à natureza e para que experiências dolorosas como as que vivenciamos não mais se repitam.
Minas Gerais é rica em cultura, onde paisagens, celebrações, saberes, fazeres e artes se cruzam em diferentes histórias de vida que formam a identidade de suas comunidades. Mas esta região, onde o tempo parece passar mais devagar, é, por outro lado, uma das mais pressionadas pelo
processo de desenvolvimento industrial.
Uma grande onda de rejeitos atingiu o córrego Santarém, o rio Gualaxo do Norte, o rio do Carmo e o rio Doce. Localidades de Mariana, Barra Longa, Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado, que se encontram próximas desses cursos d’água, foram duramente impactadas. A lama ainda avançou por 670 quilômetros até a foz da bacia do rio Doce, no Espírito Santo, abalando tradições e modos de vida de centenas de milhares de pessoas.
Entre 2018 e 2019, pesquisadores contratados pela Fundação Renova realizaram diagnósticos em 20 localidades destes quatro municípios. Junto aos moradores, 415 referências culturais foram identificadas e 323 consideradas impactadas. As comunidades propuseram centenas de ações de reparação para que elas continuassem existindo.
A reparação das referências culturais baseia-se no conceito de salvaguarda, um jeito de dizer “cuidar para não perder”. Trata-se de um esforço conjunto entre cidadãos, organizações e governos em torno de garantir que essas referências culturais sigam vivas e sustentáveis.
As responsabilidades são compartilhadas.
As comunidades devem liderar esta caminhada, trazendo seu conhecimento para o centro das decisões. O poder público cuida de consolidar políticas que ofereçam suporte e estrutura, enquanto as organizações da sociedade civil fortalecem os grupos culturais e a iniciativa privada fomenta o financiamento de projetos e recursos.
Juntos, eles devem identificar, documentar, proteger, promover, transmitir e revitalizar as tradições e os costumes que fazem essas terras tão especiais.
Desde 2019, a reparação das referências culturais conta com a cooperação técnica da UNESCO, agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Educação, a Ciência e a Cultura. Por meio do projeto “Construção da paz e do diálogo para o desenvolvimento sustentável das regiões atingidas pela barragem de Fundão”, diversas iniciativas conduzidas durante o período emergencial na área da cultura foram fortalecidas, como:
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Os caminhos que seguimos refletem quem fomos e o que queremos ser. Seja nos rios, nas estradas ou nas ruas de uma comunidade, passado, presente e futuro se encontram na cultura. Conheça o museu virtual Caminhos de Memória.