Em Barreto, distrito de Barra Longa, duas Folias de Reis celebram a peregrinação dos três Reis Magos ao encontro do Menino Jesus. “Num dia de chuva, um raio caiu e matou quatro crianças que brincavam em uma varanda. Então o Monsenhor Horta pediu que fosse fundada uma Folia de Reis e que ela nunca mais parasse para evitar novos acidentes”, contam os moradores da comunidade.
A Folia de Reis foi fundada na década de 1930 por Antônio André Damásio. Com o passar dos anos, devido ao grande número de foliões, o que dificultava a hospedagem e a alimentação, ela foi dividida em duas, sendo, inicialmente, separadas entre os homens solteiros e casados, costume que foi se perdendo. As mulheres também começaram a participar.
Após gerações, Osório Raimundo da Costa e Alcides Graça da Silva se tornaram mestres com o que aprenderam com seus pais. O cortejo liderado pelo mestre Osório é o que antes era composto somente por solteiros. Ele sai no dia 28 de dezembro e retorna na véspera do Ano Novo, passando por Águas Claras, Cláudio Manoel, Serra da Luzia, São Gonçalo do Rio Abaixo, Covanca, Água Fria e Campinas.
Já o cortejo do compadre Alcides, a Folia Velha, anteriormente somente para os casados, segue outra rota, passando por Engenho Fernandes, Goiabeiras, Cuiabá, Borba e Pedras. Eles saem com roupas coloridas, o estandarte do Menino Jesus na frente, e a banda completa, pedindo de porta em porta as esmolas para o dia da festa.
A peregrinação de ambas as folias recomeça no dia 3 e se encerra em 6 de janeiro, quando se comemora o Dia de Reis, segundo a tradição cristã. No final de cada giro, as folias se encontram na Capela Nossa Senhora do Pilar para rezar, cantar e agradecer. A do mestre Osório chega primeiro, seguida da folia do mestre Alcides. Mas é ao fim do Dia de Reis que a grande festa, conhecida como “arremate”, acontece, com muita comida, bebida e forró no pé.